SINOPSE DO ENREDO DA ACADÊMICOS DO SOSSEGO CARNAVAL 2021

ACADÊMICOS DO SOSSEGO
CARNAVAL 2021
VISÕES XAMÂNICAS

JUSTIFICATIVA

A Acadêmicos do Sossego apresenta para o Carnaval 2021 o enredo “Visões
Xamânicas”. Uma saga épica imaginada entre o presente e o futuro.
A humanidade se encontra exatamente onde grandes profecias xamânicas disseram
que chegaríamos: no colapso do planeta provocado por um sistema de ambição e
consumo. A falta de percepção da relação entre nossas escolhas éticas e a ação do
tempo sobre nossas vidas como coletividade nos trouxe a dilemas pelos quais a
natureza nos obrigou a enxergar o tempo como dele deve ser.
Durante todo o processo de evolução, buscamos incontrolavelmente dominar e
controlar o tempo, otimizando a produção para alimentar insaciável apetite por uma
noção vazia de progresso. Mas quem diz quando o tempo termina? Quem diz que
produzimos muito em pouco tempo quando não temos esta dimensão de início, meio e
fim? Os avanços construídos sobre conquistas territoriais ambiciosas baseadas em
mortes de humanos de culturas diferentes conduziu a história global. E foi
precisamente essa a visão dos Pajés.
Progredir sem se preocupar com nosso papel em cadeia dentro de um organismo vivo
e complexo que é a Terra e com os diferentes seres que habitam o planeta é um ato
de egoísmo contra as demais peças do sistema do qual fazemos parte. Fomos
impelidos a parar os ponteiros deste organismo. Nós somos a grande doença e,
conscientes como a natureza nos permitiu ser (no seu próprio ritmo de tempo),
devemos nos transformar na cura.
Ao produzir mais uma vez cultura voltada à preservação dos povos tradicionais e dar
voz às suas histórias baseadas em teias de saberes ancestrais de valores atemporais,
surgirá um novo carnaval na Acadêmicos do Sossego. Consciente do seu papel
cultural e social, a escola do Largo da Batalha fará a cidade cantar melodias de
esperança e consciência para seu povo.
A narrativa é livremente inspirada em relatos de David Kopenawa, o grande xamã
Yanomami, nos quais relata suas visões sobre passado, presente e futuro da Terra.
Construímos a heroíca jornada de um pajé que, em um grande alinhamento espiritual
com os xamãs do mundo inteiro, fará uma pajelança para trazer aos olhos do mundo a
cura desta Terra em que vivemos. Por fim, como na canção imortal de Caetano
Veloso, “aquilo que se revelará aos povos surpreenderá a todos, não por ser exótico,
mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio”: preservar
a natureza, respeitar a sabedoria ancestral e aprender as lições sagradas de povos
tradicionais nos conduzirá à construção de um futuro saudável para nossa Terra
adoecida.
Um novo dia virá. “Virá que eu vi!”

Autores do Enredo: André Rodrigues e Willian Tadeu

Este enredo é também uma homenagem aos amigos pesquisadores João Gustavo
Melo e Diego Araújo que defendem e divulgam para os que querem ouvir sobre a
importância das narrativas dos bumbás de Parintins que ano
após ano transformam um pequeno ponto da amazônia em porta-voz para o mundo
conhecer as histórias dos povos tradicionais nativos do Brasil com recorrentes
mensagens de preservação da vida indigena e da natureza desta terra que vivemos.

SINOPSE
Em um clarão de terra entre a imensidão de copas de árvores que cobrem a mata,
fumaças se contorcem feito o corpo do pajé. Ecoam os sons da noite que se repetem
como cânticos e, entre os cheiros de infusões de ervas, o grande curandeiro viaja a
outros planos da consciência atendendo o chamado dos Xapiris, ancestrais que
trazem aos seus olhos as sagradas visões xamânicas.
É tempo de sonhar viajando por planos cósmicos para encontrar suas raízes. As
folhas, as madeiras, a terra, o som da água, tudo é difuso e surreal até deparar-se
com a revelação da terra corroída, o fim dos tempos em pleno estado de
acontecimento.
Quando Omana criou o primeiro mundo, este era extremamente frágil e foi soterrado
com o próprio céu. Dos escombros desse desabamento fantástico, brotaram nas
costas do primeiro céu as formas de vida do nosso mundo em uma Terra mais forte,
rígida e duradoura. É sobre este cenário que construímos nossas vidas: lares e
estradas, ocas e edifícios, tabas e cidades. E é esse novo mundo que estamos
destruindo.
Os olhos cegos de ganância dos homens não-indígenas não conseguem enxergar as
fragilidades do nosso planeta e seus habitantes. Seu tempo de sonho é o do consumo,
que despreza a sabedoria ancestral e despreza o próprio tempo. O homem, em busca
das lascas de antigas estrelas, vive comendo o chão procurando seu brilho. As vigas
da eternidade se esburacam e a queda do céu pode acontecer a qualquer momento. A
iminência da tragédia espalha o caos por um mundo que adoece, manchado de óleo,
revestido de plástico, sufocado pela poluição, manchado pelo sangue dos povos
tradicionais. A humanidade criou inventos extraordinários e imaginou futuros
fantásticos, mas esqueceu de medir as consequências de suas ambições.
Os Xapiris revelaram que por muito tempo os grandes sábios que se comunicavam
com o mundo ancestral puderam alertar a população mundial para nos salvar desse
apocalipse que vivemos levando a mensagem de salvação. Passar adiante suas lições
para a sobrevivência do planeta foi a grande missão dos pajés. Agora, em sua jornada
épica pelo mundo dos sonhos, nosso Xamã evoca um grande alinhamento espiritual
entre xamãs de todo mundo. Unam-se os sacerdotes de cura da África e os peles-
vermelhas com olhos de águia! Juntem-se os filhos da grande serpente arco-íris e os
homens do gelo que ecoam a ancestralidade nas peles brancas feito nuvem! Venham
os caboclos de fala direta! Que se faça a grande pajelança universal para que o céu
não desabe sobre nossas cabeças! Renasçam como os guerreiros dourados! A
floresta brada o grito de salvação para esta gente que não ouve o saber ancestral.
E então, “quilo que se revelará aos povos surpreenderá a todos, não por ser exótico,
mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio” A cura vem
da floresta, a dor do mundo cessará quando ouvirem o que eles têm a dizer. A cultura

de destruição será suplantada pela harmonia com a natureza e todas as formas de
vida. Aos povos tradicionais, seu território. À tecnologia, a energia renovável. O
homem devorador de terra renascerá como o grande semeador.
É assim, ouvindo os Xapiris pela fala do pajé, que abraçamos o sonho do amanhã.
Não com o delírio utópico de um novo planeta, mas curando este que é o único que
temos. De nosso Largo, vamos à batalha! Arcos e flechas, penas e cocares, corpos e
almas se levantam pela preservação da natureza e das culturas de milhares de etnias
indígenas do Brasil.
Se o silêncio é o próprio apocalipse, devemos entoar cantos de esperança. O respeito
à sabedoria é a salvação. Não esperaremos o extermínio da última nação indígena.
Na apoteose do êxtase xamânico, “m índio descerá de uma estrela colorida e
brilhante” Cada um de nós será índio, pois é índio um pedaço de nós. Somos filhos de
uma mesma dor e dos mesmos cantos de amor.
Quem contará as histórias de um mundo que se auto-destrói quando ele não existir
mais?
Um novo dia virá. “irá que eu vi!”

Autores do Enredo: André Rodrigues e Willian Tadeu

H ONZE COMUNICAÇÃO

Postado por Adiel Carteiro Poeta

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